Amor, Café e Cigarros.

O último gole do vinho mais amargo.
Em uma saleta inescrupulosa, sofria a amargura de não ter lhe dito.
Lembrando de seus profundos olhos esfumaçados, que de tão focado se perdia na fumaça, embaçando-se em deslances e devaneios.
Queria eu ter lhe dito algo, mas é impossível se concentrar quando sua boca se centra em mim.
Ah seus doces lábios demasiados de loucuras. Estonteante delírio.
Seus eloquentes olhos, tão quentes como o sol.
Mesmo que naquela tarde em uma pequena saleta, me perdi em sua alucinante presença.
E ao me deitar todas as noites, vinham-me as sombras de seu rosto em meu travesseiro, em conjunto às lembranças e traços que a faziam sempre bela.

No fervor de uma manhã em que caminhava a seu encontro, passei por uma carroça de flores e pensei em presenteia-la.
Flores tão belas as que comprei quanto aquelas que habitavam seus cabelos nas tardes de sol.
Quando não flores, chapéis.
Azarado aquele que jamais tocara os cabelos de uma mulher.
Sedosos, aveludados, infinitos cachos a serem penteados e o dia inteiro a se passar, em fazer e desfazer tranças.
Ao notar as flores em meu punho, pude notar seu petrificante sorriso.
Os olhos brilhavam como estrelas explodindo a milhões de km de distância.
E dentro desse profundo e viciante olhar, uma melodia fez-me penetrar cada vez mais em sua essência,
A voz mais bela, é dela. A morena que tudo para em um simples banzar.

Nas noites de frio, pensar nela me aquecia o coração. Mas não te-la por perto me fazia aceitar a solidão.
E no último gole do vinho mais amargo, por não te-la mais comigo
Afundei-me. Baqueado de tristes emoções, fumando um cigarro e lembrando de seu viciante cheiro e estonteante olhar.
Ah, se eu pudesse te ter.
Levaria-lhe flores das mais belas todos os dias, só pra não te ver sofrer e apenas pra te ver sorrir.
Mas já que não posso lhe ter, minha Morena Tupí
Vou lhe agradecer o que contigo vivi; e as letras que agora escrevo, quem sabe um dia não lhe faram sorrir ?



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