Amor, Café e Cigarros II.

Dentro de um armário velho e empoeirado, guardava lembranças de uma vida amarga.
Seu velho casaco de linho, com cheiro de que o tempo passou.
Sentado em uma rangente cadeira de madeira, lapidada de lástimas e lembranças.
Bebia um gole de café e pensava em toda a fé que havia perdido.

Já estava tão cansado que as lágrimas se recusavam a sair
Mas pude notar em seu nítido semblante, a amargura que lhe causei. Pandemônio.
Como beber café frio sem açúcar.

Era-me confuso, ouvir seu soluço de seco choro.
Pensei em consolá-lo, mas meu lado frio não permitiu.
Lembrei-me dos dias de sol, das flores e do doce chamar que ele se dirigia a mim.
Morena Tupí, ecoa minha mente.

Gostava de observa-lo de longe, com rosto inexpressivo, como quem nada diz ou pensa.
Mas na verdade, cabeça mais confusa não havia no universo.
O sensório vento que me bateu, fez-me adentrar os profundos pensamentos de meu discreto observado.
Pude notar que seu café estava frio e amargo.
Surgiu-me pela primeira vez em tempos, uma expressão, que na verdade nada expressava.
Pedi-lhe um gole de café e logo fugiram-me as palavras.. ''O café está frio e sem açúcar, como sua vida. Não? "
"Sem minha Morena Tupí ao meu lado, qualquer café fica como tal."

Observei seus olhos brilharem, o que brilhava em mim era o pulso.
Nunca consegui entender o por que da falência daquela paixão.
Talvez estivesse apenas adormecido.
Um amor funambulesco que se desperta ao ver os fragmentos do tempo que se passa.

Febril e indigesto tempo que não passa quando estou ao seu lado.
Fervente amor, me toca as partes adormecidas.
Instavelmente, contentemente.. Decido dar-lhe um beijo.
Tal que acaba em longa noite de brandos ardores e café quente com cigarros sobre a mesa.

Ao acordar em seu leito, pensei em todo o ocorrido.
Vê-lo dormir cambiou meus sentimentos. Fruto daquela noite inquietante,
Não pregava os olhos. Nem se quer um simples triscar.
Petrifiquei-me em vê-lo cochilar.
Seus cachos, respiração ligeiramente ofegante. Olha-lo tão indefeso me fazia sofrer,
e o que mais me perturbou aquele momento, foi que por tentar tanto proteger-lhe, acabei ferindo meu mancebo amado.

Mandriei aquele dia e tirei meu tempo para voltar-me a ele.
Poroso o nosso amor, que deixou-me cheia de ardor.
Pruma as roupas inexistentes que usava, me deixava mais embasbacada.
A frieza de algum modo havia me abandonado, pensei em ser prudente e analisar as causas.
Controverti tudo em minha mente. Não ser fria, de tal maneira, não me era ruim.
Contrapondo os apesares, me partia o coração ver a frieza ir embora.
Algo que fara parte de ti por tanto tempo, é difícil de libertar.

Enquanto olhando pra ele, coisas ferventes em minha mente.
Pude vê-lo espiar, me escapou.. "Abra os olhos, posso lhe ver espiando."
"O que minha Morena Tupí tanto observa? "
Teu nude corpo me chamava e adentrando seus penetrantes, intensos e as vezes até mesmo
oblíquos olhos, abstrai todas as energias e joguei todo meu anseio em seus molhados lábios macios.




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