Ritual com Dragões


Estava a participar de um evento de música eletrônica, chamado Goa Gil, muitos o conhecem por Baba Gil, e o evento é intitulado ritual Goa Gil. Ele é um senhor nascido em 1951, toca por 24h seguidas na fita cassete, um som da vertente Goa ao qual estudou na índia como utilizar as frequências da música para que as pessoas possam atingir um elevado estado de consciência.
Em determinado estágio do evento eu me vi parada no centro da pista, alinhada verticalmente a ele.
Quando olhei profundamente o velho sabio, me arrepiei e algo tomou conta de mim.
Ali o que se realiza é um grande ritual de transmutação coletiva, onde as pessoas estão a trabalhar, cada uma em suas mentes.
Naquele momento porém eu saí de mim , e não tinha mais o controle de meu corpo.
Eu comecei a sentir que eu era a terra, e sentia junto todas as dores, eu era Tiamat, Kali, e muitas outras Deusas do  sagrado faminino que representam a própria terra. Naquele estado, eu agonizava e me jogava no chão, pois podia sentir passar em minhas veias, a dor de cada ser que um dia sofreu ou sofre neste plano. Eu podia ver, pessoas passando fome, a ignorância, o desmatamento, a poluição, os pensamentos ruins e a maldade das pessoas , tudo!
Eu era capaz de sentir e ouvir também os pensamentos de todos ali presentes no evento.
Me veio então a vontade de me despir de toda aquela energia. Comecei a me levantar e tirar a minha roupa, literalmente. E enquanto isso acontecia, eu me despia e me libertava daquelas energias, me sentindo mais leve.
As pessoas que me viam não estavam entendo o que acontecia comigo , e ao mesmo tempo eu não podia explica-las ou falar. Porque eu tinha a consciência de diversos estados e planos de energia, de tudo que estava acontecendo, mas eu não tinha o controle nem mesmo da minha voz.
Quando fiquei com a parte de cima do meu busto à mostra, eu conseguia sentir a energia de todos os pensamentos e ouvi -los.
Alguns sentiam inveja, outros sentiam luxúria, algumas pessoas ainda repudiavam aquilo.
Aquela energia foi se acumulando, eu era um dragão, podia sentir vários outros seres e dragões que tocavam em diferentes partes do meu corpo, e cada toque produzia um movimento. Esses toques eram responsáveis por meus atos e movimentos físicos. Era como uma dança, onde cada tato produzia um novo passo.
E eu comecei a ficar muito brava com todos aqueles pensamentos e energias direcionados a mim, tal como com toda a dor que havia sentido no estágio anterior, sendo a terra. Então,  ficando cada vez mais enfurecida, os seres tocavam meu rosto, e eu fazia caretas, mostrava os dentes e ia ficando cada vez mais brava. Até chegar ao fogo, eu soltava o fogo e sentia tudo sair junto com ele.. não só os meus pensamentos, mas os pensamentos alheios e as dores da terra iam também embora.
Ao término dessa queima, os toques me faziam cócegas e eu começava a gargalhar! Gargalhar muito. Movimentando as mãos como se elas fossem uma balança eu verbalizava: " Transmuta, cura, Transmuta, nutre, cuida! "
Naquele momento a dor da terra já não existia mais , e eu via plantas e rios e florestas inteiras. Era como se eu fosse no futuro, no dia em que a terra estará liberta, nessa nova era. No dia onde a missão planetária estará completamente concluída.
Esse ciclo se repetiu a madrugada toda, desde 00:00 até umas 9h da manhã.  Muitos amigos ficaram assustados, pq eu não me alimentei , e mal bebi água. Mas eu estava incorporada, sendo alimentada por outra energia, e dentro desse ritual, fiquei por muitas horas no mesmo ponto, no mesmo lugar .. Eu me jogava no chão (dor) ,  levantava (me despia), ficava brava (fogo transmutação), gargalhava (balança equilibrio). Esses ciclos se repetiam e cada pessoa que via levava junto uma energia nova, uma interpretação diferente. Eu olhava para o Baba Gil, e nos via a várias e várias vidas nesse trabalho! Sentia que ele nunca ia parar de tocar até que todas as pessoas tivessem  consciência divina. Cada olhar, cada sentimento, eu podia sentir, e aquilo passava pelo meu corpo e era transmutado no fogo de Tiamat. Cada pessoa que me viu no chão sentindo dor, e me perguntava se eu estava bem, levou consigo a compreensão de pensar no próximo, e evoluiu um pouco ao  entender como é importante o bem estar da coletividade.
Eu representava a terra e a terra é como uma mulher.
Se ela estiver jogada no chão, definhando, desnutrida, descabelada, vai ser muito feio, imagine como uma moradora de rua..ela não irá prosperar.
Pegue essa mesma mulher, faça com ela se levante, com que ela se banhe, troque suas roupas, se alimente, se cuide... ela ficará linda!
A terra é como uma mulher! Precisamos cuidar dela, nutri-la! Para ver ela crescer e prosperar! Somos células da terra. Naqueles momentos eu me senti como uma engrenagem, que nunca para de girar, conectada a tudo e todos. E assim é, assim sempre será. A cada dia tomamos mais consciência disso.
Os dragões são seres fantásticos de muita força, naqueles momentos eu era  o dragão, tal como era movida por vários outros. Eu não conseguia mover um dedo mindinho se não houvesse o toque daqueles seres fantásticos.
Foi uma experiência incrível e transformadora.
Um estado de consciência único e que, fiz meu máximo para colocá-lo em palavras. O que é algo muito difícil, mas eu espero que possa ter transmitido um pouquinho da minha experiência.
Agradeço a todos que leram e qualquer dúvida eu estou a disposição! Desejo  todos muita luz!
E lembrem-se: somos todos um só!







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