Era Um Vento



Me lembro bem daquela tarde.
Meu coração se fundiu com a terra.
Meu corpo não Era mais.
Porque cada gota de mim se desfez naquela grama.
Eu pude ouvir o lamento da terra.
E as raízes que fortes ali cresciam.
Eu pude vibrar novamente.
Como se jamais tivesse sido coisa alguma.
Começo ou fim, não existe.
O que é verdade está invisível.
Eu me sinto sensível como quem pode voar.
Eu escolhi caminhar com minhas próprias pernas.
Ir além de explorar cavernas, pântanos, florestas e planos.
Eu não planejo tanto assim, porque quero ter o gosto de me surpreender.
Eu quero me suspender.
Me diluir.
Evoluir.
Quero servir ao qual vim a este mundo.
Permanecer mudo nesta translação. 
Permear.
Sentindo o pulso de estar vivo.
Respirar no tempo de cada ciclo.
Quero ouvir o barulho do mar, e me deitar mais uma vez.
Naquele chão eu me vi.
Novamente, me desintegrando.
Me integrando com tudo aquilo que sou.
Nua.
Não precisei de nada pra me fazer ser.
Antes mesmo de nascer... fui poeira de estrela.
Dancei na brincadeira da manhã do despertar.
Antes mesmo de respirar...
Eu vivia sem precisar de nada.
Sendo luz, numa escuridão sem fim.
Eu sempre tive a mim mesma .
E não me arrependo de nada que experienciei.
Eu tentarei novamente.
Sem quebrar esta corrente.
Continuarei sendo parte desta engrenagem sem fim .
Sem ti. Sem mim.
Porque cada parte é tudo mesmo assim.
Nós somos.
E des-somos ao mesmo tempo.
O tempo não existe.
E a gente não sabe quão grandioso tudo é.
Uma eterna brincadeira.
Uma leve poeira que se foi com o vento...
Mais uma vez. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Solto.

Velha Árvore

Um minuto