Vi

Eu não sei se o tempo passou,
Ou se foi a voz de minha mente, que agora se cala.
Mas entendo cada dia como uma sinestesia.
E me perco na fumaça.

Eu constantemente ouço o eco de tua voz.
Mas não me lembro sua face.
E agora escrevo pra deixar ir embora,
O tom que me enlouquece e me enaltece.

Eu já nem lembro quantos baseados.
E ainda me sinto atordoado,
Atordoa o som que não se vai.
E eu me desfaço.
Me embaraço e me refaço.
Me amo.
Mas busco, encontrar-te.
Na esperança de ter uma manhã menos vazia.
Eu não lembro mais qual foi a esquina que te beijei.
Ou como foi que te conheci.
Ainda sonho...
Falo num passado que nunca existiu.

Eu tive uma noite estranha e decidi apagar tudo da mente.
Porque era vergonhoso o que fiz, pra terminar contente.
E o que sobrou foram apenas umas garrafas vazias.
Muitas pontas no cinzeiro.
E o cheiro, que eu queria ter sentido.
Nada faz sentido.
Eu terminei vazia.
Ao menos, como tudo começou.

Se ninguém me amou , nessa história, eu me ganho.
Porque continuo fértil, ao amar natureza.
Eu sempre me dei conta de sua beleza,
E quero continuar a vida...

Mas quero espalhar sementes,
Amar novamente, que não eu.
Quero sentir o gosto de ter dentro de mim.
Viajar na luz.
Existir além.

Eu não sei o que está acontecendo com o mundo.
E sinto falta do futuro que nunca aconteceu.
Eu não me lembro,
O passado que já morreu.
Mas coloco em pauta a origem, de onde você nasceu.

Porque voa, o vento leva.
E o agora a gente constrói la fora..
Pensando na semente, que cresce dentro da gente.
Todo mundo tem, alguém que ama.
Um desejo, uma forma de ser.
E quer viver, independente do que aconteça.
Mas se esquece, de cultivar forte leveza.
Desta batalha eterna do viver.
Transmitir.
Ser.
Deixe ir...
Deixe ir...

O destino errante escreve suas próprias linhas.
Mas eu me lembro de escolher.
E escorrer pelas paredes da vida.
Me lembro de cada partida.
Cada parto.

A vida é um parto.
Que nos parte ao meio e multiplica os veios.
A vida é uma queda.
Que nos quebra em mil pedaços.
Depois nos rega, nos remenda e leva.
Leva embora.
Pro caminho que com cada pé se ajeita na trilha.
E inspira.
A dor e a delícia de estar vivo.
Sem que seja preciso dizer algo.
Nos afoga.
Em água limpa.
Nos faz beber da fonte.
Escalar cada monte.
Que de terra, faz tremer o mundo.
De medo, assusta lá no fundo.
Eu senti aqui dentro.
Bater um desespero.
E achei que tinha morrido.
Mas quando cheguei do outro lado,
Vi.
Como é realmente estar vivo!


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