Procuro um olhar que me entenda.

Eu só queria curar dentro de mim .. aquilo que não cabia mais. 
E queria afagar de amor aqueles que me tocam. 
Mas mesmo rodeada por outros seres, sinto-me só. 
E a solidão como fardo que toda velha árvore carrega.. 
Me corroi sem tréguas.
Quantos mares ei eu de atravessar, sem que beba uma gota de água doce ?
Salgada morada . 
Meus olhos pousaram em lágrimas e eu desfiz meus pensamentos. 
Como se ainda estivesse em pausa. 
Eu não podia descrever a dor que rangia em meu peito. 
Nem tanger a calma que balançava em meus cabelos. 
Eu quis ir . 
Mesmo sem escolher. 
Eu me permiti..
Mesmo sem saber .
No fundo eu já dizia a mim mesma o quanto sou forte. 
O quanto tenho sorte. 
Eu fitei a lua, naquela noite a rua estava calma .
Meu espírito me condena. 
Porque não sei me distinguir daquilo que me transpassa. 
Sou como água pura que se mistura ao barro da rua. 
Que no fim da chuva bebe da acidez do tempo. 
Das queimadas e do relento. 
Tudo está lento...
Se é que você me entende. 
O tempo se estende na imensidão imensurável do espaço. 
Eu não sei me descrever. 
Ainda que minha sola caminhe . 
Só.
O caminho é o mesmo. 
Essa solidão me devora por inteiro. 
Eu rezo . 
No terreiro a poeira sobe quando eu danço.
O nevoeiro baixa quando eu descanso. 
Não sei pra quem gritar, quando minha voz não pode ser ouvida. 
Eu tento me expressar, mas por ninguém sou sentida. 
O tempo passa e eu me sinto despida. 
Descalça. 
Mas ninguém vê além da roupa. 
Além do corpo. 
Além daquilo que já definiram . 
Eu me distinguo.
Eu deslizo. 
Feito vento tomo nova forma. 
Feito barro que molda cada porta. 
Eu transpasso. 
Quero ver o que há do outro lado.
Eu me transformo. 
Não há outro modo. 
Não há outro lugar. 
Se Não aqui. 
Agora. 
Aonde vou ? 
Onde estou quando ninguém me olha ? 
Quantas bocas falam e beijam ...
Enquanto eu me silêncio...
Enquanto eu me reservo...
Quantas almas despertas procuram amor... 
Para fazer amor. 
Para despertar o sensor.
Para molhar as partes. 
Para se sentir vivo. 
Eu me sinto viva. 
Não desisto de ser. 
Mesmo sem saber quando vou encontrar um olhar que me compreenda. 
Quando vou tocar uma mão que se estenda. 
A vida passa depressa. 
E eu demoro na minha solidão. 
Não porque quero . 
Mas porque preciso. 
Não entendo . 
Mas preciso encontrar a precisão. 
Em meus pensamentos. 
Certeiros fatos que se desenrolam. 
Como peças de um quebra-cabeças. 
No jogo da vida eu sou o coringa. 
E me transfiguro em cada vida.
Eu me questiono em cada esquina. 
Eu não duvido do carinho de meu coração. 
Mas busco entender o sentimento.
Um coração também bate aqui dentro. 
Tudo tem sua razão de ser. 
E a solidão, como fardo que toda velha árvore carrega...
Vem me ensinar a ser forte. 
Mais uma vez. 
Eu olho pra lua e me sinto distante .
Eu penso, re penso.. 
Me sinto mutante. 
Quanta coisa ...
Ainda ei de entender como isso tudo cabe em meu coração.


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