Uivo da Noite
Eu fiquei profundamente estática, para não ser esmagada pelo peso do vento. Eu senti na minha espinha, a ferida viva de quem respira. Era mais uma noite de palavras inesperadas, Inóspitas e ríspidas, no desespero de desabafar. Eu coloquei um pé depois do outro com cuidado pra não cair . Fui seguindo naquela estrada sem luz, sem medo de desistir. Eu vi a mim mesma no reflexo da madrugada. Calada. Balancei pra gerar um pouco de movimento. Procurei ficar atenta, no meio da tormenta. Foi difícil não cair. Sabia como enfrentar as tempestades, porque no fundo as minhas vontades eram os próprios furacões ao qual o povo tanto fugia. Eu não me via no mundo daquela gente. Eu sei que sou um pouco diferente e não vou me machucar pra me encaixar. Eu não vou me contorcer por outro ser.. Ao menos que ele mesmo me desenrrole, ou me dobre em mil partes. Ao menos que ele se proponha a entender onde meu quebra cabeça...